Como fazer a catequese matrimonial com os casais que chegam na “última hora”? O que a paróquia pode fazer para evitar isso?

A catequese matrimonial não se faz apenas de conselhos para um casal viver bem o casamento, mas de elementos para o discernimento acerca da vocação ao matrimônio. Seu objetivo fica prejudicado quando é feita com proximidade do casamento, sendo que o ideal é que preceda o noivado (de acordo com os parágrafos 24 e 48 do ICVM[1]), como tenho comentado em diversos artigos a partir das recomendações do Magistério.

O ideal é que os casais com namoro maduro sejam atraídos a esta catequese com antecedência, vendo nela o suporte para a decisão final. A estes, se unem também aqueles casais coabitantes que desejam se casar.

Para que isso seja realidade, toda a paróquia deve conhecer bem como acontece esta catequese, pois ela é de interesse geral. Dentro das inúmeras atividades pastorais, “a preparação para o Matrimônio é de primeira importância” (CIC 1630). E, para isso, é necessário um amplo e contínuo trabalho de divulgação para que não aconteça frequentemente que casais de noivos somente tomem conhecimento da exigência de realização desta catequese (da participação nos EPVM) quando procuram a paróquia para dar entrada no processo de habilitação matrimonial, o que é lamentável.

Entre as ações de promoção, em primeiro lugar está o envolvimento dos sacerdotes da paróquia que continuamente podem dar algumas palavrinhas explicando e motivando os casais. Além disso, eles podem ainda fazer convites pessoais aos casais com os quais encontram, o que surte enormes resultados. Em seguida, vem o trabalho de divulgação paroquial que pode ser realizado de diversas formas em uma rotina de informes, como avisos paroquiais e folhetos enviados aos movimentos, pastorais e entregues nas portas das igrejas. Hoje podemos e devemos tirar proveito da Internet com postagens nas redes sociais e website da paróquia e dos movimentos etc. E, não menos importante, está a propaganda boca-a-boca, feita por casais que já participaram da catequese e os convites ativos de todos os catequistas matrimoniais quando conhecem casais em seus cotidianos.

Contudo, mesmo nas paróquias mais ativas e bem organizadas neste quesito, alguns casais chegarão atrasados, chegarão com casamento marcado e com pouca antecedência. O que fazer?

A resposta é única: atender! Nenhuma ovelha pode ficar perdida! Mas, tenhamos cuidado, pois não pode ser um atendimento apenas “para constar” no processo de habilitação matrimonial.

Não é comum que uma paróquia aceite dar entrada no processo de habilitação matrimonial com menos de três meses. Neste prazo, o principal objetivo da catequese (a decisão sobre o casamento) não será alcançado, pois um casal com o casamento marcado já tomou sua decisão. Digo “em geral” por conhecer relatos de casais que desistiram de se casar após a catequese matrimonial, mesmo sendo realizada a poucas semanas do casamento.

Mas os momentos formativos – os encontros temáticos – precisam e podem acontecer, mesmo que seja em um ritmo mais compacto com até mais de uma reunião por semana, o que deve ser excepcionalíssimo! Isso pode demandar maior desdobramento da equipe paroquial, mas é mesmo uma missão – e toda missão é exigente – tentar fazer com que os casais da paróquia se casem com consciência acerca do Matrimônio, fazendo promessas verdadeiras e evitando nulidades matrimoniais.

Em três meses não haverá tempo para os momentos vivenciais da catequese, que é o acompanhamento dos casais para inclusão na vida eclesial mesmo após as reuniões formativas. Mas, após o casamento, os catequistas podem (e devem, assim como todos os outros casais que acompanham!) convidá-los para atividades paroquiais, celebrações, retiros, adorações, cursos e para mais encontros temáticos sobre a vivência do matrimônio.

Mesmo em casos em que há pouco tempo disponível para a realização da catequese matrimonial, não podemos cair na tentação de oferecer um encontro de fim de semana para cumprir uma formalidade que, segundo o Papa Francisco, é “fingir uma preparação” . A paróquia, através dos casais catequistas, deve oferecer reflexão aprofundada sobre o passo que darão e apresentar a correta concepção sobre o matrimônio.

E repito que é necessário um trabalho da paróquia para a informação, como citei anteriormente, para que estes casos sejam reduzidos ao máximo e não se torne uma rotina. Eventuais flexibilizações deveriam ser avaliadas juntamente com o pároco e em alguns casos, pode ser recomendado aconselhar os casais a avaliarem o adiamento do casamento para um melhor discernimento.


[1] Itinerários Catecumenais para a Vida Matrimonial, Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, 2022.

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