Envolver os pais dos casais na preparação para o matrimônio? Qual o momento ideal?

Tenho recebido perguntas sobre essa questão. A participação dos pais é muito importante em nossas vidas e até necessária em algumas etapas. Para responder de forma objetiva, devemos observar que a preparação para o matrimônio não consiste apenas de uma etapa, mas de três. E cada etapa pode ser composta por diferentes atividades.

Creio que não haja dúvidas de que os exemplos e as lições dos pais no seio da família constituem as primeiras motivações para a vida matrimonial. São ações que fazem parte – entre muitas outras – da Etapa Remota, que constitui a Fase Pré-Catecumenal. 

Mas as perguntas que recebo referem-se diretamente à Etapa Próxima, na qual estão incluídos os encontros de preparação, encontros formativos ou catequese matrimonial. Vou buscar as respostas no documento mais recente da Igreja sobre a preparação para o matrimônio: “Itinerários Catecumenais para a Vida Matrimonial”.

Esse documento lança (ou reforça!) um desafio para todos aqueles que trabalham na preparação para o matrimônio: atrair os casais para a catequese matrimonial antes da oficialização do noivado. Isso fica claro em todo o documento e, de forma explícita, no parágrafo 59, dentro da seção sobre a Etapa Próxima: “Ao fim desta etapa e como sinal do ingresso na etapa seguinte de preparação imediata, pode acontecer o rito do noivado”.

Assim, como já explicado em outro texto, os casais que participam da catequese matrimonial não deveriam ser noivos, mas deveriam ser namorados (incluindo os que coabitam sem impedimentos para o matrimônio), isto é, deveriam estar em processo de discernimento acerca da vocação nupcial (conforme ICVM, 63).

Há confusão sobre estas etapas até mesmo entre agentes com anos de atividade pastoral. Para não restar dúvidas, reforço que os encontros de preparação para a vida matrimonial (ainda conhecida como “curso de noivos”) constituem a Etapa Próxima e não a Imediata. E a palavra-chave da etapa Próxima é discernimento.

É interessante que cada um conheça a família de seu namorado(a).  Mas, dentro de um processo de discernimento, devemos evitar todo tipo de pressão. A presença dos pais em ritos e reuniões formais durante essa etapa pode representar a ideia de que os filhos já vão mesmo se casar e que eles (os pais) estão ali para pensar no casamento e no convívio futuro. 

O documento da Santa Sé sobre a preparação para o matrimônio não recomenda reuniões com agentes, casais e seus pais durante a etapa próxima. Pelo contrário, faz uma reflexão sobre o risco da exposição dos casais em alguns momentos:

“É evidente que tudo isso poderia influenciar negativamente o processo de discernimento dos noivos e limitar a sua liberdade, criando assim as condições para uma celebração nula do matrimônio. Recomenda-se, portanto, a necessária prudência e uma avaliação cuidadosa de como propor esses ritos, de acordo com o contexto social em que se atua. Em alguns casos, por exemplo, pode ser preferível que esses ritos ocorram apenas dentro do grupo de casais que seguem o itinerário, sem envolver as famílias ou outras pessoas” (ICVM, 26).

Sendo este um momento de discernimento e no qual não pode haver pressões, acredito que o envolvimento direto dos pais – em reuniões formais com seus filhos e a equipe de catequistas  – não seja adequado na Etapa Próxima.  Tal participação é mais propícia a partir do momento em que o discernimento tenha sido concluído, ou seja, a partir do Rito do Noivado, quando começa a etapa Imediata, com foco na preparação espiritual e litúrgica da celebração.

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