Casais de namorados podem participar da catequese matrimonial?

A resposta é que não somente podem, mas também devem!

É verdade que ainda escutamos se dizer “cursos de noivos” ou “catequese para noivos”, mas já em 2004, no Diretório da Pastoral Familiar (Doc 79 da CNBB) tínhamos contato com a expressão “candidatos ao matrimônio” como destinatários dos EPVM – Encontros de Preparação para a Vida Matrimonial.

E quem são os candidatos ao matrimônio? São todos aqueles que têm o matrimônio com uma possibilidade próxima, sendo os namorados, os noivos e também os coabitantes sem impedimentos para se casarem. É certo que não me refiro aos namoros em um estágio inicial, mas aos namoros maduros, nos quais já se começa a falar de casamento.

Isso já estava claro no Diretório da Pastoral Familiar que nos fazia refletir sobre o momento ideal para que os casais participem, ao afirmar que nos encontros:

Os candidatos ao matrimônio […] terão oportunidade até para considerarem a conveniência de adiarem, contraírem ou não o matrimônio, em face das responsabilidades que o Encontro venha a descortinar. Trata-se de um momento de amadurecimento para a decisão final.”( Parágrafo 268)

Com este trecho podemos inferir que os encontros são, principalmente para os namorados. Se de um lado há a referência “candidatos ao matrimônio”, de outro há a afirmação de se o momento da decisão para o casamento. E, embora na prática não seja sempre desta forma, um casal de noivos é um casal que já se decidiu pelo casamento enquanto um casal de namorados está em busca deste discernimento.

Eu tenho falado sobre isso há anos, mas nem sempre sendo acreditado por conta da cristalização da equívoca ideia de se procurar a paróquia para o “curso de noivos” após a marcação do casamento. E, tenho notícias, que algumas paróquias nem aceitavam casais que não estivessem com o casamento marcado e ainda estabeleciam um tempo de validade para o certificado de participação. Ou seja, tudo colaborava para que fosse mesmo um curso de noivos muito próximo do casamento e não um momento de discernimento.

Agora, o mais recente documento da Santa Sé sobre a preparação para o Matrimônio1, publicado em 2022, confirma a utilização da expressão “candidatos ao matrimônio” e confirma esta mudança de paradigma dizendo que o noivado deveria ser oficializado após a Preparação Próxima, como fruto do discernimento proporcionado por esta etapa formativa.

O objetivo específico desta etapa é finalizar o discernimento de cada casal acerca da sua vocação nupcial. Isto pode conduzir à decisão livre, responsável e ponderada de contrair matrimônio, ou então levar à decisão, igualmente livre e ponderada, de pôr fim à relação e não se casar.” (Parágrafo 55)

Mas, para não deixar pontas soltas para a livre interpretação, este recente documento, produzido a pedido do Papa Francisco, é categórico ao apresentar o noivado após a preparação próxima. Ao apresentar de modo esquemático as fases da preparação e ao falar da preparação próxima, cita assim:

C. Fase catecumenal
Primeira etapa:
– Preparação próxima (cerca de um ano)
– Rito do noivado (ao término da preparação próxima)” (Parágrafo 24)

E, para não ficar dúvidas, mais adiante explica textualmente”

Ao fim desta etapa, e como sinal do ingresso na etapa seguinte de preparação imediata, pode acontecer o rito do noivado. Este rito – com a bênção dos noivos e do anel de noivado (nos lugares onde se utiliza esse costume) – assume o seu sentido pleno somente quando é celebrado e vivido na fé, a partir do momento em que nele se pede ao Senhor as graças necessárias para crescer no amor e preparar-se dignamente para o sacramento do Matrimônio.” (Parágrafo 59)

Além da indicação de que o noivado deveria vir depois da Catequese Matrimonial., temos aí um convite para retomarmos a bonito rito do noivado, praticamente esquecido.

A catequese para casais que ainda não marcaram o casamento e nem sequer se consideram noivos é uma prática que tenho vivido no apostolado como catequista matrimonial. Como efeito de ampla divulgação e orientação paroquial, é comum recebermos na catequese não somente os casais oficialmente noivos, mas também uma boa parcela de casais de namorados em busca de discernimento.

Mas é bom ressaltar, mais uma vez, que não se trata de encontros para casais com namoros muito recente e nem mesmo, como infelizmente acontece, casais adolescentes. O acompanhamento inicial de namorados sem a devida maturidade do relacionamento para pensarem em matrimônio, está agora prevista na Fase Intermediária (Acolhida dos Candidatos). Esta é também uma novidade advinda com este recente documento da Santa Sé, localizando-se entre a Preparação Remota e a Próxima, sendo um tempo para a paróquia conhecê-los e ofertar as primeiras noções formais sobre a finalidade do namoro, que é o matrimônio, bem como motivá-los e prepará-los para a Catequese Matrimonial (A Etapa Próxima).

Como forma de ilustrar a nova divisão das fases, apresento um desenho de criação própria. Apresento sua primeira versão, antes do documento de 2022 e sua nova versão, a partir das orientações do documento Itinerários Catecumenais para a vida matrimonial.

Etapas do catecumenato matrimonial

1 Itinerários Catecumenais para a Vida Matrimonial, 2022

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