Nas dioceses onde a catequese matrimonial já está implantada, algumas há décadas, vemos diferentes práticas em relação ao número de casais. Há quem defenda a obrigatoriedade de ser acompanhar um único casal, há quem opte por dois, três ou quatro e há quem faça grupos maiores.
Em seu Magistério, cujo documento principal para este tema é o Itinerários Catecumenais para a Vida Matrimonial (ICVM), a Igreja nos oferece um conjunto mínimo de questões fundamentais a serem seguidas, que posso resumir que são:
1ª – há um conteúdo a ser apresentado (Já tratamos na pergunta: Quais temas e atividades são indispensáveis na Catequese Matrimonial?);
2ª – a forma de uma catequese, ou seja, com encontros frequentes e com temas distribuídos ao longo do tempo para reflexão com maior profundidade;
3ª – deve acontecer em pequenos grupos.
A questão da quantidade de casais está dentro desta terceira questão fundamental, mas não há uma definição exata da quantidade. Isso se justifica porque há muitas realidades nas dioceses do mundo e cada uma deve fazer suas opções a partir de sua situação e de seu projeto pastoral. Ou seja, esta questão está no rol das particularidades diocesanas. Na Amoris Laetitia, o Papa Francisco afirmou que “há várias maneiras legítimas de organizar a preparação próxima para o matrimônio” (AL, 207).
Ainda nesta exortação, o papa que são “indispensáveis alguns momentos personalizados” (AL,208), o que pode ser entendido como momentos individualizados, ou seja, com cada casal separadamente. Mas note que o texto fala em alguns momentos e não de toda a etapa próxima.
Recorrendo também ao ICVM, fica claro que o sentido de personalizado não se restringe a um casal, mas a pequenos grupos onde seja possível dar atenção, conviver e conhecer de perto os casais. A partir daí, mediante necessidade e disponibilidade, podem ser promovidos encontros paralelos com somente um casal por vez para que este receba atenção e suporte ainda mais próximos.
“Deve-se potencializar as experiências “personalizadas” em pequenos grupos de trabalho, escuta e preparação – caso necessário, também como cada casal separadamente – a fim de os casais serem seguidos de perto pelos casais acompanhadores, que podem contribuir para criar um clima de amizade e confiança. Usar a casa também pode fazer com que se sintam acolhidos e à vontade.” (ICVM, 20)
Para trazer tais indicação à prática, extrapolo as referências do Magistério e compartiho nossa experiência de catequese matrimonial.
Já acompanhamos apenas um casal durante todo a catequese matrimonial, bem também já acompanhamos (na maioria das vezes) pequenos grupos. Ambas as formas são produtivas, mas por uma perspectiva pessoal, preferimos que seja com dois ou três casais. Nossa preferência se dá pelo motivo de, neste caso, haver mais diálogo e interação, bem como não se colocar toda a atenção (e pressão) sobre um casal, tornando o ambiente mais leve e até descontraído. E, nesta estrutura, de catequese em pequenos grupos, ficamos atentos para que tenham também momentos de conversa mais próxima com seus catequistas – só um casal ou mesmo só o homem ou só a mulher – tanto por convite (algumas vezes durante o itinerário catecumenal) ou quando que sentirem necessidade.
Atender em pequenos grupos também resolve a possível escassez de “mão de obra”, ou seja, um eventual reduzido número de catequistas para a demanda paroquial. Contudo, reafirmo que é uma questão particular que pode ter um direcionamento diocesano ou, não havendo este, um direcionamento paroquial. Ou ainda, pode ser algo livre a partir das preferências dos catequistas por atender casais separadamente ou em grupos.
O que não pode ser esquecido é que a Igreja fala sim em pequenos grupos para que sejam garantidos a confiança, referência, proximidade e vínculo entre catequistas e candidatos ao matrimônio.
